Desde 2024, torcedores do Corinthians têm enfrentado dificuldades para adquirir ingressos para jogos na Neo Química Arena. O aumento do cambismo, envolvendo influenciadores, sócios-torcedores, conselheiros e até contas internas do clube, tem causado revolta.
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Recentemente, ingressos para a final do Campeonato Paulista foram encontrados sendo vendidos ilegalmente em grupos de WhatsApp por valores entre R$ 600 e R$ 1.500 antes mesmo do início oficial das vendas.
A ausência de reconhecimento facial facilita a revenda de ingressos por sócios-torcedores, que podem comprar e repassar entradas. Conselheiros do clube também contribuem, pois recebem um ingresso gratuito e podem adquirir mais quatro com desconto.
Um caso investigado pela reportagem do ge.globo rastreou um ingresso vendido ilegalmente vinculado ao ex-jogador e atual conselheiro Biro Biro. O Corinthians, por sua vez, mantém diversas contas para reservar ingressos para jogadores, empresários e parceiros, mas parte dessas entradas acaba nas mãos de cambistas.
Marcelo Munhoes, ex-chefe do departamento de tecnologia do clube, revelou que a quantidade de ingressos desviados aumentou significativamente desde 2024.
Ele detalhou que um único login do setor de Marketing, que anteriormente gerenciava cerca de 60 ingressos, hoje controla até 400 entradas. Esse desvio reduz a disponibilidade de ingressos para o programa Fiel Torcedor, dificultando ainda mais a compra pelos torcedores comuns.
No dia 12 de fevereiro de 2025, o Corinthians registrou o maior público da história da Neo Química Arena, com 47.695 torcedores assistindo à vitória por 2 a 1 contra o Santos.
No entanto, documentos mostram que quase 10% dos ingressos foram distribuídos por um login interno chamado "Arrecadação - Vendas", evidenciando que parte das entradas foi desviada para outras finalidades. Além disso, apenas 48% dos ingressos foram destinados a sócios-torcedores, aumentando as suspeitas sobre a revenda ilegal.
O problema do cambismo também ficou evidente na venda de ingressos para as quartas de final do Paulista. Setores comercializados oficialmente por R$ 80 estavam sendo revendidos por cambistas por até R$ 350. Essa prática tem gerado indignação, pois muitos torcedores se veem obrigados a pagar valores exorbitantes para garantir presença nos jogos.
Diante das denúncias, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o desvio de ingressos, e o Conselho Deliberativo do Corinthians também conduz apurações internas.
Em nota ao ge.globo, o clube afirmou que monitora redes sociais para coibir o cambismo e que considera a implementação do reconhecimento facial como solução definitiva para o problema. Entretanto, a diretoria tem postergado a adoção da tecnologia, mesmo tendo prazo legal até junho para sua instalação.
Munhoes afirmou que a implementação do reconhecimento facial já deveria ter sido iniciada em outubro de 2024, mas foi adiada devido à indefinição sobre fornecedores.
Ele destacou que, em janeiro de 2025, renegociou o contrato com a Ligatech, empresa que já administra as catracas da Neo Química Arena, para acelerar a instalação do sistema. No entanto, logo após essa decisão, Munhoes foi demitido e a entrega dos equipamentos foi cancelada.
Outro problema exposto foi a tentativa de reformulação do programa Fiel Torcedor. O Corinthians lançou uma licitação para escolher uma nova empresa para administrar o programa, com oito empresas concorrendo.
Apesar da Imply ter obtido a melhor nota técnica (9,5), a Ticket Hub era a favorita do presidente Augusto Melo, mesmo tendo sido reprovada pelo compliance do clube e possuindo um custo muito superior às concorrentes. Munhoes enviou um e-mail alertando a diretoria sobre os riscos da escolha, mas não teve retorno.
Além disso, denúncias apontam irregularidades no camarote Fielzone, cujo número de ingressos aumentou de 300 para 1.000 sem justificativa clara.
A empresa responsável, Soccer Hospitality, acumula uma dívida de R$ 2 milhões com o clube, e ainda assim teve o número de ingressos ampliado, reduzindo ainda mais a carga de bilhetes para o público geral. O clube alegou que essa mudança foi um "plano experimental" e que será reavaliada após o Campeonato Paulista.
A crise na venda de ingressos do Corinthians expõe falhas de gestão e suspeitas de irregularidades que afetam diretamente os torcedores. Enquanto o clube não adotar medidas eficazes para coibir o cambismo e garantir mais transparência no controle de ingressos, a insatisfação da torcida deve continuar crescendo.
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