Por Eric Filardi
Cinco dos 16 sobreviventes do incêndio no Ninho do Urubu foram dispensados pelo Flamengo em janeiro de 2020: Caike Duarte Pereira da Silva, Felipe Cardoso, João Vitor Gasparin Torrezan, Naydjel Callebe Boroski Struhschein e Wendel Alves Gonçalves.
Na tragédia, 26 jovens dormiam no alojamento, e 10 perderam a vida: Athila Souza Paixão (14 anos), Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas (15), Bernardo Pisetta (14), Christian Esmério (15), Gedson Santos (14), Jorge Eduardo Santos (15), Pablo Henrique da Silva (14), Rykelmo de Souza Viana (17), Samuel Thomas Rosa (15) e Vitor Isaías (15).
Gabriel Castro (ex-lateral-direito) – Aos 21 anos, disputa competições amadoras em Franca (SP) e atua ao lado do pai em uma indústria de bolsas. O ex-lateral não oculta que a noite de 8 de fevereiro de 2019 transformou completamente seu percurso. "Mexeu bastante com todos nós, interrompeu sonhos. Parecia que nada daquilo era real, que não tínhamos perdido os nossos amigos. Quando alguém fala de Flamengo comigo, o que vem à mente é aquela tragédia. Ficou a tristeza", relatou Gabriel
Atualmente, Gabriel reside em Franca, junto à família, e atua ao lado do pai em uma manufatura de bolsas voltadas ao público feminino. O futebol, entretanto, ainda faz parte de sua rotina: ele compete no Campeonato Varzeano, torneio amador promovido pela administração municipal.
Na ocasião, ele estava em fase de avaliação no Rubro-Negro e pernoitava no centro de treinamento quando o alojamento foi tomado pelo incêndio. Foi um dos 16 garotos que conseguiram sobreviver — enquanto outros 10 não resistiram. Passou cerca de seis meses no Flamengo. Depois da tragédia, permaneceu no clube por mais três meses, até sua saída compulsória, sob a justificativa de que, naquele período, a lateral direita não era uma posição com escassez de atletas.
Deixou o Rio de Janeiro e seguiu para Campinas, onde se juntou à Ponte Preta. Na Macaca, permaneceu por dois anos e meio, período impactado pela pandemia da covid-19. "Foi muito tempo sem treinos e jogos. Fui dispensado porque precisavam diminuir o grupo", explicou. Gabriel aguardou uma nova chance no futebol, mas acabou optando por um novo rumo: "Houve a saída da Ponte e a pandemia atrapalhou algumas coisas, também para o surgimento de uma nova chance. Neste cenário, decidi não seguir mais esse caminho. Tive o apoio da minha família, mas, claro, se aparecesse outra chance, eu voltaria". Os convites para atuar ainda não são como esperava, mas continuam surgindo na região onde vive: "O pessoal chama bastante e não tem coisa melhor do que jogar futebol".
Distante dos treinamentos diários e das competições profissionais, sua rotina agora consiste em chegar à fábrica às 6h e sair às 18h. À noite, quando não está na academia, reencontra a bola nos jogos informais com os amigos.
24/03/2025
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