Brasileirão

Quase campeões, eles perderam o título nos últimos instantes e ninguém entendeu

Botafogo viveu uma das maiores quedas da história do Brasileirão

Por Romario Paz

Botafogo viveu uma das maiores quedas da história do Brasileirão
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O Botafogo viveu uma das maiores quedas da história do Campeonato Brasileiro. Depois de liderar o torneio por 31 rodadas e chegar a abrir 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o clube ficou sem a taça e sem a vaga direta na Libertadores. André Mazzuco, diretor de futebol do Botafogo, fez um pronunciamento após a derrota que rebaixou o clube para a Série B: "Fomos uma equipe improvável no primeiro e no segundo turno".

Como todo insucesso, não existe uma única explicação para o que aconteceu. Entre as várias razões para a queda vertiginosa de desempenho, está o planejamento feito pela diretoria, em todas as esferas para o ano. A meta inicial estabelecida por John Textor, que era uma vaga na Libertadores, foi cumprida - o time disputará a fase preliminar. Porém, a queda brusca da equipe em campo passou também por erros de planejamento.

A saída de Luís Castro em meio a um primeiro turno histórico não foi decisão do clube, diga-se. Assediado pelo Al-Nassr, o português saiu com 10 vitórias em 12 jogos no Brasileirão e a liderança consolidada da competição. A transição para a chegada de Bruno Lage foi bem feita com Cláudio Caçapa. Dentro da circunstância, a escolha de John Textor pelo português foi arriscada e, mesmo parecendo acertada no momento, acabou não funcionando.

Adaptar um estrangeiro ao país em meio ao campeonato e sob a pressão de garantir o título se mostrou problemático. Também por causa da inflexibilidade de Lage de se adaptar à realidade do futebol brasileiro. A decisão de Textor, bancada pelo elenco, mais equivocada, porém, foi manter Lúcio Flávio para as rodadas finais em meio à disputa do título.

Muito além da parte técnica ou tática, efetivar um treinador com pouco experiência na elite do futebol com uma pressão de 28 anos sem título nacional nas costas foi uma escolha que cobrou um preço. Uma das missões traçadas pelo clube no começo da temporada era contratar um CEO para ajudar na gestão do futebol. A ideia era ter alguém com experiência de gestão no Brasil e com um perfil de ajudar em reestruturação.

Nomes foram listados, mas a ideia nunca se tornou real. Em fevereiro, o americano já tinha uma lista de três nomes para o cargo. Enquanto isso, Thairo Arruda, que ajudou a conduzir a transição do futebol para a SAF, exerceu a função.

Apesar do bom trabalho feito na condução do lado financeiro, inclusive chegando a acordo com os credores para equacionar as dívidas, o gestor não é um nome ligado ao futebol. Isso fez diferença também na reta final do campeonato. A mudança do Estádio Nilton Santos de um gramado natural para o sintético permitiu ao clube realizar diversos shows ao longo do ano, o que teve impacto direto na arrecadação. Pelo lado financeiro, foi ótimo. Esportivamente, nem tanto.

Entre montagens e desmontagens de palcos, o clube se viu forçado a jogar partidas com público reduzido e até mesmo a deixar o Niltão para o jogo contra o Grêmio. No duelo, Suárez marcou três gols. Se o jogo fosse no sintético, o uruguaio não teria jogado, segundo o técnico gremista Renato Gaúcho. A preocupação com a arrecadação foi necessária, mas os shows na reta final do Brasileirão comprometeram o time em campo. O Botafogo não foi o único afetado. Coritiba, Palmeiras e São Paulo também tiveram shows em seus estádios nos últimos meses do torneio.

O problema de falta de energia na partida contra o Athletico-PR também dificultou a vida do Botafogo no campeonato. Os geradores, que deveriam sustentar a operação do estádio em caso de falta de energia, não deram conta. No entorno do estádio, o sistema elétrico do bairro funcionava normalmente. Após o problema, o clube resolveu a questão, mas as pausas e adiamentos decorrentes daquele dia impactaram diretamente duas partidas, os empates com o próprio Furacão e Fortaleza.

O jogo contra o Leão do Pici, que seria na terça seguinte, acabou sendo disputado após a data Fifa. Na data normal, Vojvoda usaria os reservas, já que disputaria a final da Sul-Americana quatro dias depois. Após a mudança, o Fortaleza foi a campo com os titulares. O Botafogo começou a temporada com uma projeção clara de brigar por uma vaga na Libertadores, que casava com o elenco montado de acordo com o investimento de John
 

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